Muitos já passaram por ela, falaram, estão falando e estão me instigando. Olho para aquela cena radical e me dá medo, será que vou conseguir, parece distante, "não estou preparado pra isso". Frio na barriga, uma escada meio banguela, vários te olhando e esperando a tua resposta, e aí vai ou não vai?
Subo a escada, olhando pra cima, lá em cima um cara me dá as orientações. "Aí cara faz isso, não faz aquilo, é pro teu bem viu.". É hora de me abandonar de confiar, olho pra frente tem um corda que parece acabar em algo e que passa perto da água. Não dá mais pra voltar pra trás, a fila tá grande, tem pessoas que gostariam de estar no meu lugar, tem pessoas lá em baixo torcendo por mim. Inclino a cabeça pra trás, seguro firme e num relapso instante tive a sensação de esquecer de tudo o que racionalmente me incomodava, da cadeirinha que me segura, a posição correta, pra enfim, pode curtir aquele momento, que agora ainda continua vivo em minha lembrança. Digo que aquele curtir posso experimentá-lo ainda, a sensação de liberdade, o vento na cara e principalmente o estar abandonado em algo que eu não tenho o controle, que eu por mim mesmo não posso modificar o rumo, O final da tirolesa todo mundo já sabe.
Estamos em tempo de Natal e como bom humanos precisamos nos lembrar de tudo de novo, reviver, degustar o que ainda não foi degustado, assumir que muitas coisas ainda incomodam e que o menino tão simples e discreto saberá compreender e silenciar a cada alma. FELIZ NATAL.
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