quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

9. O sexo é algo corpóreo ou espiritual?

A Igreja prefere, mais que de sexo, falar de sexualidade, porque a sexualidade afeta toda nossa vida e não só uma parte dela, um órgão ou um desejo particular. A sexualidade, além disso, tem diferentes dimensões: genética (homem e mulher tem DNAS distintos), gonádica  (diferentes órgãos sexuais), fisiológica (diferentes formas de corpo), psicológica (temos diferentes modos de ser, de relacionar afetivamente) e, por último, espiritual (a sexualidade toca até nossa essência como pessoa, na medida em que amamos e somos amados). Não são dimensões separadas, mas sim que todas se unem em meu corpo, que é a fonte de onde brotam nossas vivências.

Ser homem ou ser mulher não é um simples dado que colocamos em nosso passaporte, mas uma dimensão da nossa identidade, um modo de responder a pergunta fundamental: quem sou eu? Pensemos, por exemplo, no importante que é ter recebido a vida de outros, ter sido gerado no amor de nossos pais. E também na capacidade que temos para dar vida a outras pessoas. Isto não é um acessório, e sim central para nossa vida e está unido a sexualidade. Por isso a sexualidade não é somente uma atração por outra pessoa, mas também um elemento que nos ajuda a compreender nós mesmos, a partir do qual nos construímos a nós mesmos e nossas relações.
A importância da sexualidade não é bem conhecida pela força com que se manifesta. Os outros desejos corporais como a fome, a sede, o desejo de ter algo se extingue quando o obtemos. Não acontece o mesmo com a sexualidade. Como é isso? É que a sexualidade, como temos dito, é uma janela aberta para um mistério, que não se dirige a uma coisa só, e sim a comunhão com uma pessoa. Pela sexualidade percebo que não posso viver para mim mesmo. Nela encontro uma chamada profunda ao amor, e no amor se encontra o sentido da minha vida. Se  alguém a utiliza para se dar fácil satisfação, não realiza uma comunhão pessoal e se torna preso em um narcisismo estéril.
João Paulo II

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