quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Carnaval: real ou fantasia? ... Tudo acaba na quarta-feira ...

“Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu...” O ritmo fervescente entre a cabrocha que ensaiou o ano inteiro esperando o carnaval chegar para desfilar e o trançado das pernas, que só mesmo a dança do frevo é capaz de inspirar os foliões a fazerem do carnaval a festa mais popular do nosso país. 
(...)
Atenta e também tentada a dar os meus pulos, eu ficava ali imaginando como seria se, de fato, aquela fantasia fosse eterna. Ou, se seria possível viver festejando como naquele carnaval. Quanta ingenuidade, não? A paz vence a guerra. Num ambiente de guerra, paz, por mais que seja convidada, não encontrará espaço para cumprir o seu papel. Falta-lhe parceiros, o número dos que querem não é suficiente. Mas, eu não precisaria estar me exigindo com tantas reflexões, porque, afinal, o cantor já classificou o carnaval como a festa da fantasia. Porém, hoje, eu tenho me questionado se, de fato, é uma fantasia ou uma realidade? Às vezes as pessoas se escondem em sua própria vida e nas oportunidades se liberam. A própria festa autoriza os foliões a serem o que queriam ser. Aí está o perigo dessa época carnavalesca. Existe uma motivação explícita para que as normas do bem comum sejam quebradas. Quem nunca ouviu as expressões: "no carnaval vou soltar a franga"? Ou: "no carnaval a minha mulher me deu um vale-nigth"? Ou: "Eu quero mais é beijar na boca!"? Longe de qualquer julgamento, o que muitos foliões gostariam de viver fora dessa época e não vivem? Ou que vivem, mas ninguém vê? Será a fantasia uma oportunidade para fugir do real? 
Para o distanciamento da realidade ou para sua aproximação? Não acredito que quem não tenha tendência a se desfigurar no carnaval vá assumir uma conduta que o leve a uma ressaca moral. 
Por essa razão, o comportamento do folião deveria ser um meio para levar e trazer para si alegria, encontro com os amigos e familiares, enfim, à diversão. Ao contrário de épocas atrás, o pierrô e a colombina foram substituídos pela exploração sexual de menores, tráfico de drogas, manipulação da mídia, favorecendo ao governo e fazendo dos próprios participantes uma propaganda para atrair turistas, além da prostituição, adultério, violência, roubo, e interesses financeiros.
(...)
Real ou de fantasia, não sei mais, o que sei é que tudo acaba na quarta-feira, em que se inicia a Quaresma, tempo de jejum e oração para os católicos. 
A testa marcada com as cinzas, caracterizando a Paixão de Cristo. O Cristo que, sem julgamento, recebe o folião que pulou até o último dia para continuar mostrando que aquela fantasia não é eterna e que eterno é o que não acaba na quarta-feira, mas se inicia. 
A Quarta-feira de Cinzas vem acompanhada da Sexta-Feira da Paixão, dias que a tradição não aconselha comer carne, nem satisfazê-la. Portanto, chegou a hora de decidirmos por um carnaval que não precise acabar na quarta-feira... Meus amigos, então não é o carnaval que dará sentido ao que buscamos, mas justamente Aquele que é Eterno.

Judinara Braz 


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