segunda-feira, 22 de abril de 2013

Os Adolecentes e a REligião

O fato existe e aparece cada dia mais claro. A Igreja Católica e muitíssimas outras Igrejas, de certa forma, perderam o contato com os jovens e com certos adolescentes. Os bispos, padres, catequistas e pais destes jovens não falam numa linguagem que seja interessante para eles. Conseqüentemente, aderem por algum tempo e depois abandonam a prática da religião dos pais, ou, já de inicio rompem com ela, partindo, sem drama nenhum, para uma estudada indiferença. Tudo começa por não irem ao culto ou à missa!
Alguns mudam de grupo religioso, onde se sentem mais aceitos onde a linguagem parece bater com o seu projeto de vida. Uma estatística séria revelaria o que já se sabe sem estatísticas. Numa cidade de 200.000 habitantes e cerca de 65.000 jovens entre 9 e 22 anos as Igrejas conseguem atingir nos tempos fortes, cerca de 15 mil. Nos fins de semana, cerca de 8 mil nas mais diversas Igrejas. Nos grupos constituídos para catequese e liderança: 1.000 a 3.000.
Não chegam a 3% os jovens realmente dispostos a ser evangelizados numa diocese ou numa paróquia. Os jovens dizem que a culpa é da Igreja, que não tem uma linguagem agradável e interessante, como os que promovem shows, novelas, televisão e rádio. Dizem claramente que gostam mais dos comunicadores de rádio, músicos, e apresentadores de T. V., artistas da palavra e dos gestos, porque estes falam de um mundo que bate com o da sua realidade ou o dos seus sonhos. Por isso é que enchem estádios para ouvir um artista e pagam caro, enquanto não sentem o mesmo zelo para ouvir os pregadores religiosos. Falta alguma coisa neles…
Recebo vasta correspondência dos jovens e de seus pais, por conta de meus programas de rádio, televisão e Internet. Vi conversões maravilhosas e duradouras entre eles. Vi também decepções profundas naqueles corações sequiosos de novidades e de conhecimento. Conheci milhares que aderiram de corpo e alma ao cristianismo e que hoje, adultos são líderes católicos e evangélicos. Conheci, porém, os outros, e são muitos, que deixaram sua Igreja, e hoje, ou estão no espiritismo, nos grupos pentecostais ou messiânicos, em correntes de misticismo, ou simplesmente continuam marxistas, materialistas históricos e ateus.
Um dia, um deles, no aeroporto, mostrando se amigo e efusivo, secundado por três amigos, disse serenamente: -Padre, foi bom ser seu amigo, e muita coisa boa ficou daqueles livros e canções, mas você não é a Igreja. Deixei de ser católico. Não posso dizer que sou feliz e achei o que queria. Mas como estou, faz mais sentido. Respondi a ele que não romper com um amigo católico já é manter laços, uma vez que igrejas são feitas de gente e é com elas que se dialoga. O diálogo é a porta de todo e qualquer entendimento.
A Igreja Católica e, com ela outras Igrejas, não se iludem mais quanto a números. Hoje, percentualmente é menor o número de jovens que aderem a Cristo, mesmo que encham as igrejas. Aderir a um discurso ainda não é aderir ao Cristo. Se faltar a misericórdia para com os sofridos e os pobres ainda não é adesão. Sem essa dimensão ainda não é conversão. Os jovens brasileiros precisam da dimensão da caridade e da preocupação com a dor do outro para entenderem Jesus.
De doutrina a maioria tem uma vaga lembrança, mas na verdade ganhariam NOTA 1 ou 2 num teste de conhecimentos gerais sobre a Igreja que seus pais freqüentam. Precisamos achar a linguagem e o jeito. Voltar para 1940 não resolve. Fingir que estamos em 2.040 também não. Temos que redescobrir a palavra do Papa de agora, do catecismo de agora, e lidar com os fatos de agora. Medalhinhas, imagens e escapulários talvez até ajudem, mas continuarão sendo apenas a outra face da medalha. Os símbolos precisam ir mais longe do que aqueles objetos no peito ou nas páginas da Bíblia. Precisam levar a pensar um país mais fraterno e menos injusto. Nem sempre levam!

By Pe Zezinho

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