Nosso corpo não é um objeto a mais. Parece-se, é verdade, com o resto das coisas (tem um peso, um tamanho, uma cor,...). Às vezes, outros o tratam assim: passam ao nosso lado sem cumprimentar ou nos olham com olhos possessivos ou nos tratam com violência. Mas nós nos sentimos mal quando isto ocorre. É que o corpo não está somente fora de nós, não é só o que observamos por fora, e sim também é o que sentimos por dentro, minha própria intimidade. Com o corpo fazemos coisas, mas é no corpo que manifestamos também nossas inclinações, nossos gostos e preferências. O corpo não é só uma coisa que temos, e sim algo que somos: as sensações que experimentamos, os desejos que nos movem. Desta forma, o corpo me fala. É como se tivesse uma linguagem. E que é importante decifrá-la! Quem não o entende, não entende a si mesmo.
A linguagem do corpo me diz, em primeiro lugar: não é um ser isolado. Pelo corpo nossa vida se manifesta a outros, os acontecimentos nos afetam por dentro, participamos do mundo que nos rodeia. Graças ao corpo entendemos também que não temos a vida a nós mesmos. Nosso corpo se formou, admiravelmente, no seio materno. Por isso o corpo te convida a olhar para tua origem: de onde vim? E o corpo responde com palavras da Bíblia: "Tuas mãos me formaram nas entranhas maternas..." (Jer 1,5).
É verdade que as vezes não gostamos do nosso corpo. E se fosse mais alto, mais forte, mais atrativo? A resposta soa: então não serias tu; e há pessoas que te amam de verdade, te amam pelo o que tu és e como és. O que importa não é ter um corpo perfeito, e sim saber que teu corpo é bonito e aceitá-lo como um presente, incluindo suas limitações. Só assim aprenderás a entender a linguagem do corpo, e saberás se expressar com ele.
- João Paulo II
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