Em nosso corpo são evidentes os traços de quem nos formou, os dedos do Criador que atuaram através do amor de nossos pais. Por isso, antes de mais nada, nosso corpo nos "diz" que fomos feitos, que somos "filhos". O corpo também nos "fala" das pessoas que nos cercam e nos permite dialogar com elas. A mão estendida é um sinal de ajuda, o sorriso é um sinal de aprovação, o abraço é um sinal de acolhida. E no encontro do homem com a mulher, o corpo nos permite amar na totalidade, até que nos tornemos uma só carne. O corpo, onde vivemos nossa intimidade, nos abre a intimidade com outras pessoas, permite compartilhar o mundo.
Por isso o corpo nos convida a descobrir o outro e recebê-lo. No encontro entre o homem e a mulher o corpo fala, através da sexualidade, a linguagem do amor conjugal. Uma linguagem que, também neste caso, é difícil aprender: falá-la é toda uma arte. Porém, quem a domina bem, evitando erros de ortografias e usando as palavras corretas, pode comunicar tudo, na plenitude do amor.
Entendemos agora porque o corpo é tão importante para o ser humano: é capaz de expressar o amor. Diz-nos que viemos do amor e que vamos para ele; diz-nos que nossa vida dá fruto no amor.
Na primeira epístola de João (I João,4,8) lemos que Deus é amor. Ele não é um ser separado do todo, solitário, com o fim em si mesmo. E sim, o amor pleno e eterno entre o Pai e Filho, que se unem no Espírito Santo. Portanto, Deus não vive um monólogo, vive um diálogo contínuo de amor e vida. E esse mistério de Sua vida interior ele quer comunicar a nós por meio do corpo: no corpo se pode registrar a imagem de Deus, porque Deus é amor. Quando recebemos nosso corpo com gratidão, aceitando-o como um presente; quando expressamos com nosso corpo o amor aos outros, os acolhendo e ajudando. Então é no corpo que Deus põe seu selo, Deus se faz visível e transparente ao mundo. E assim, nos assemelhamos com ele.João Paulo II
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